O texto “Diários de viagem de Anísio Teixeira: razões e sentidos de uma escrita de ‘si’ e do ‘outro'”, por Silmara de Fátima Cardoso, utiliza dois diários escritos por Anísio Teixeira durante suas viagens como fonte privilegiada para análise, levando em conta os desafios do trabalho com esse material e sua multiplicidade de sentidos. Em suas viagens à Europa em 1925 e aos Estados Unidos em 1927, esta sendo de caráter oficial para observar modelos educacionais lá vigentes, o viajante registra sua trajetória e o cotidiano a bordo, ações dos passageiros, suas impressões de lugares e pessoas, suas reflexões, sentimentos, visões de mundo e seus objetivos, e nesse processo, acaba por formular, representar e projetar uma imagem de “si” e do “outro” em sua escrita que o artigo procura compreender. Constata-se uma construção narrativa em que ele descreve o “outro”, os sujeitos americanos com que se depara durante sua viagem, e ao dizer o outro, representa a si próprio – na medida que as críticas são feitas aos americanos, há uma comparação com seu padrão cultural e um reconhecimento de si mesmo como diferente.

Além disso, o texto se propõe a identificar as modalidades de pensamento e suas oscilações que se colocam nos dois momentos distintos representados em cada diário – primeiramente na Europa, em que Anísio Teixeira demonstra-se conservador e católico, um admirador da monarquia, e posteriormente no diário de 1927, quando, apesar das permanências da sua posição, volta seu pensamento para a República e a aparente defesa de uma educação laica, gratuita e universal, indicando a mudança de postura e transformação que suas viagens proporcionam em diversos aspectos, inclusive o de seu pensamento pedagógico.  

Acesso:
Silmara_Diários_viagem_Anísio Teixeira

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