Leitura bourdieusiana de um ‘Um escritor no purgatório’

O artigo se propõe a trazer uma leitura “bourdieusiana” da entrevista “Um escritor no purgatório”, realizada em 1976 com Dalcídio Jurandir, escritor nortista considerado um dos mais conceituados literatos do Brasil e da Amazônia pela crítica à época.

O artigo “Confissões de um velho intelectual: Leitura bourdieusiana de um ‘Um escritor no purgatório'”, por Fernando Jorge dos Santos Farias, se propõe a trazer uma abordagem “bourdieusiana” da entrevista “Um escritor no purgatório”, realizada por Antônio Torres, Haroldo Maranhão e Pedro Galvão em 1976, em Laranjeiras, Rio de Janeiro, com Dalcídio Jurandir, escritor nortista considerado um dos mais conceituados literatos do Brasil e da Amazônia pela crítica à época. A entrevista se configura como sendo de cunho avaliativo e memorialístico, pensando sua vida literária ao mesmo tempo que registra e denuncia questões específicas à Amazônia, e a partir desses elementos, aparece um espaço para se explorar conceitos da reflexão de Pierre Bourdieu – como, por exemplo, a questão de agentes que são oriundos de condições desfavoráveis, se situando à margem dos circuitos culturais e intelectuais, mas que ainda assim conseguem se posicionar e produzir de forma significativa no campo da literatura ao operarem a partir dos “espaços de possíveis”, ou tratar da produção, circulação e apropriação e o capital cultural objetivado das suas obras e as relações com o público.
Nesse sentido, o trabalho explicita uma conjuntura de tensões e desigualdades no campo do poder e mobiliza esses aspectos para pensar Dalcídio Jurandir como ocupante de uma posição ambígua na literatura, herdeiro e proprietário de um capital cultural que lhe confere prestígio literário mas ainda assim pertencente ao campo intelectual paraense e amazônida, fração entendida como dominada nesse âmbito. No artigo, é uma interpretação condizente com o título da própria entrevista, na medida que a condição do purgatório sinalizaria, dentre outras coisas, a ambiguidade de ser ao mesmo tempo, dominante e dominado.

Acesso:

Fernando Farias_Confissões de uma velho intelectual – pdf

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